quinta-feira, 31 de março de 2016

No Vazio Dessa Dor

"Hoje eu sei
que de mágoa ninguém morre mais..."

Eudes trouxe de familia a sua forte ligação com a música popular. Embora nunca tenha desenvolvido nenhuma maestria com nenhum instrumento musical, ainda que tenha vez por outra arranhado um violão, era facilmente levado pela emoção ao ouvir uma canção que o tocava. Além disso, gostava de cantar e tinha uma voz forte e afinada. Junte a sua capacidade de decorar as músicas que gostava e tínhamos alguém que estava sempre cantando com uma voz que se destacava, em casa ou onde estivesse, sempre rodeado de amigos ou em família.

Seus irmãos Beto e Manoelita foram mais aplicados. Ele levou o violão a sério e ela desde muito menina se mostrou cantora de muitos recursos, talentos herdados do pai que mal conheceram.

Eudes na juventude também se arriscou na carreira artística ao se juntar ao irmão Beto e ao amigo Dirceu para criar o Trio Montanhez, do qual sobraram estas fotos produzidas como material de divulgação.

Aproveitando a onda dos trios de boleros e tangos dos anos 50, e com a inclusão de sucessos da música popular brasileira e um ou outro hit da música norte americana, faziam apresentações onde era possível, de festas a algumas apresentações ao vivo na Rádio Cultura de Sete Lagoas.

De alguma forma, Eudes sempre manifestou uma certa frustração por não ter conseguido levar adiante a sua veia musical para níveis mais altos. Não que sofresse muito com isso, mas é daquele sentimento que muitos têm ao perceber que o talento nato precisaria de um investimento muito grande para que pudesse firmar uma expressão artística de maior significância. E claro que as exigências da vida prática cobram seu tributo e concorrem com o tempo necessário de dedicação.


Independente de qualquer ambição de reconhecimento, a alma artística fala mais alto e Eudes também arriscava suas próprias canções. Das várias que compôs, a maioria se perdeu ao longo do tempo. Talvez seu irmão Beto possa ainda ajudar a recuperar alguma delas. Duas, pelo menos, foram gravadas. 

Uma dessas duas é No vazio desta dor, samba composto em parceria com Geraldo Luiz, seu colega do Banco do Brasil, autor da melodia. Além do clipe produzido por outro colega do Banco e disponibilizado no link do Youtube, dá pra acompanhar a letra pelo manuscrito do Eudes.


Para completar o post, uma foto do Eudes com seu irmão Beto, início dos anos 70. 











Hoje, 31/mar/2016, Eudes completaria 80 anos.